Emblemática para o Parque Vida Cerrado e bioma no qual faz parte, a lobo-guará Mel morreu nesta quarta-feira (30), por complicações de saúde em decorrência da sua idade. Presente no criadouro há 14 anos, a grande estrela do local cresceu, viveu e criou filhotes, exercendo um papel relevante para a reprodução desta espécie tão importante para a fauna brasileira.
Mel chegou ao Parque em 2008, com apenas um ano de idade. Resgatada em 2007 ainda filhote, foi entregue ao criadouro científico da FMVZ – UNESP- Botucatu, onde recebeu cuidados intensos para garantir a sobrevivência. Os resultados dos cuidados dedicados a ela foram comprovados pelo fato da Mel ter sido um dos lobos-guará em recinto com mais idade no Brasil.
Apesar de ser um animal silvestre, a Mel tinha uma característica peculiar: era receptiva ao carinho dos seres humanos, solicitando, por muitas vezes, a interação e o contato físico. Graças ao seu jeito carinhoso e acessível, a mãe de Atlas (2017), Melinda (2018) e Lobato (2019) recepcionou e comoveu mais de 30 mil pessoas, que com a sua simpatia aprenderam sobre os impactos positivos gerados pelo Parque Vida Cerrado, organização que atua diretamente na convivência sustentável da sociedade com a natureza, por meio da conservação da biodiversidade, a realização de pesquisas, da promoção do conhecimento técnico-científico e educação socioambiental.
O Parque Vida Cerrado se desenvolveu em torno do Criadouro Científico para fins de conservação, e mantém aproximadamente 30 espécimes de oito espécies animais. Cinco estão classificadas em alguma das categorias de ameaça de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza ou do Ministério do Meio Ambiente. Mel esteve inserida nesse ambiente de cuidado e promoção da vida, criando muitas histórias nas memórias dos visitantes e colaboradores do local.
“A Mel deixa um legado importante, que é muito mais do que a conservação do lobo-guará, enquanto indivíduo reprodutor. Ela teve uma atribuiçãoessencial na sensibilização das pessoas que não têm acesso à natureza, que não têm uma fazenda e nunca viram um animal desse. Então, a Mel cumpriu seu papel de todas as maneiras e a nossa responsabilidade,, enquanto instituição, foi dar a melhor qualidade de vida e dignidade para ela”, afirma Gabrielle Bes da Rosa, coordenadora do Parque Vida Cerrado.
A lobo-guará também contribuiu para o desenvolvimento científico focado na conservação dos indivíduos da sua espécie, ao fazer parte do protocolo inédito para soltura e reintrodução de lobos-guará em áreas agrícolas, em parceria com o ICMBio. Os primeiros resultados puderam ser vistos neste ano, com a soltura dos lobos Baru e Caliandra, ambos resgatados e tratados pelo Parque.
O Parque Vida Cerrado lamenta profundamente o falecimento da loba e presta homenagem à Mel que, ao longo de tantos anos, foi símbolo da preservação da espécie no Cerrado.
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Sobre o Parque Vida Cerrado
Primeiro e único centro de educação socioambiental do Oeste baiano, que abriga um criadouro conservacionista e um centro de excelência em restauração do bioma Cerrado, localizado entre os municípios de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. Criado há 16 anos, o parque é idealizado e patrocinado pela Galvani. Dispõe de mais de 30 espécies nativas em seu viveiro, desenvolvidas com apoio da Rede de Coletores de sementes dos assentamentos rurais.